Marisa
Fonseca Diniz
Muitas pessoas ainda não se deram conta do quanto a
sociedade é cruel em ditar modismo, o culto a beleza vem desde os tempos da
antiguidade, e nos dias atuais nada mudou. As pessoas são vistas como vitrines
e não por seu caráter ou intelecto.
O padrão tanto de homens como mulheres sempre foi do
corpo com curvas ou músculos a mostra, mas da década de 90 para cá o extremo se
faz presente, ou seja, a magreza excessiva. O que poucas pessoas sabem é que os
padrões estabelecidos pela sociedade estão diretamente ligados ao mercado
consumidor.
Antigamente, o padrão de beleza era das mulheres mais
cheinhas e com curvas, que representavam saúde, porém após a globalização o
padrão mudou radicalmente, não por questões de saúde, e sim para impulsionar
alguns tipos de mercados que estavam com baixa rentabilidade como o de
cosméticos, vestuário, remédios, alimentos e cirurgias plásticas.
A magreza excessiva proporcionou um padrão não aceitável
para a maioria das pessoas, porém para a mídia os negócios tiveram uma
significativa evolução financeira. As indústrias de cosméticos lançaram
diversos produtos colocando em suas propagandas meninas estilo cabide, nada de
frente e nada de costas, ofuscando a beleza e exaltando os produtos, e de fato
conseguiram, as mulheres sem perceber foram se tornando cada vez mais magras, o
que fez com que muitas delas, todas as idades, buscassem a qualquer custo este
novo padrão de beleza.
As confecções também foram favorecidas com este
novo estilo de beleza, os manequins caíram de 44, 42 e 40 dando lugar aos
tamanhos 38, 36 e 34, menos tecido, maior produtividade, valores mais altos
para quem não estivesse dentro do padrão proposto, mulher magérrima, com a
falsa ilusão de que o problema está no corpo e não nos modelitos.
A quantidade de peças produzidas mais que dobrou, o
tecido gasto em um tamanho 44 era quase que o dobro de um tamanho 34, a moda
ficou mais sofisticada e novas garotas propagandas surgiram no mundo da moda. A
graciosidade das antigas modelos com corpão e curvas sumiu dando lugar as
meninas de 12, 14, 16 e 18 anos com IMC muito abaixo do normal, quem lucrou
foram os estilistas, menos pano, coleções mais extravagantes e meninas
ofuscadas atrás da ganância em ganhar mais por menos.
A ditadura da moda não para por aí, técnicas
mais avançadas de cirurgia plástica e promessas mirabolantes de se conseguir o
corpo perfeito em clínicas se tornara possível, o menor esforço pelo melhor
resultado, os insatisfeitos não poupam em gastar grandes quantias de dinheiro
para ficar dentro do padrão determinado, porém aqueles que não têm condições em
pagar por uma cirurgia modeladora se submetem a sacrifícios além do imaginável,
e assim surgem os distúrbios alimentares e psicológicos.
De antemão, aqueles que não têm coragem de se submeter a
cirurgias modeladoras, buscam academias e spas com promessas de conseguirem o
corpo perfeito se deixando influenciar pela mídia de tal maneira que perdem o
senso do que é excesso, e do que é saúde. Dentre estes exageros surge em outra ponta
os marombados de academia, que a todo custo querem deixar músculos e veias visíveis
para que todos saibam que eles fazem parte da geração saúde, outro extremo,
diga-se de passagem, excessos desnecessários que podem trazer diversos
distúrbios e problemas psicológicos ao longo dos anos, e desta maneira
proporcionam o crescimento do mercado fitness, suplementos alimentares e
consumo de drogas.
A busca incessante pelo padrão perfeito da beleza tem
demonstrado a quantidade de pessoas fragilizadas e com baixa auto-estima,
permitindo que o mercado de negócios cresça cada dia mais a custa de uma
maioria que não consegue perceber que são objetos de uso a favor de uma
minoria, empresários sedentos por dinheiro.
Uma pessoa que necessita emagrecer porque tem
uma doença ou porque está com sobrepeso e consequentemente isso acarreta uma
série de problemas de saúde, sempre é aconselhável passar por consulta médica
com especialistas que possam recomendar exercícios e dieta, porém o que está
acontecendo atualmente é uma febre de dicas, receitas, coach que não condizem
com a realidade e muito menos tem base científica para recomendar qualquer
coisa.
Basta entrar na internet ou abrir uma revista de moda ou
beleza para ver recomendações absurdas, pessoas seguindo dicas e dietas malucas
do tipo alimentos sem glúten, dieta da lua, detox, entre outras, imagina uma
pessoa acima do peso e que tome regularmente anticoagulante e decida seguir a
dieta detox rica em vitamina K? Com certeza haverá uma redução no efeito do remédio,
o suficiente para uma pessoa ter complicações e ir parar no hospital.
A falta de senso e a necessidade de impor padrões fora do
normal têm levado as pessoas a fazerem loucuras para seguir a regra do que é ou
não certo aos olhos da sociedade. O fato é que a mídia tem um grande poder de
influência sobre as pessoas, principalmente aquelas que se deixam levar por
qualquer tipo de propaganda enganosa, não importando a idade. Pior ainda quando
as pessoas famosas exaltam o conceito de que a magreza excessiva ou o corpo
sarado é o ideal. Não se esqueça que a maioria das pessoas que faz sucesso na
mídia é contratada por empresas que comercializam produtos ditos “milagrosos”,
e quanto mais elas exaltarem o produto, a dieta, a cirurgia ou a marca maior
será o faturamento delas.
Tudo que é excesso faz mal a saúde, além de acarretar uma
série de complicações. A magreza excessiva causa perda de cabelos, ausência de
menstruação, erosão dentária, fragilidade nos ossos, perda de neurônios,
problemas cardíacos, bulimia, anorexia, entre tantos outros problemas. Já o
excesso de malhação pode causar dor crônica, edema, limitação de algumas
funções da articulação, desregula ou cessa o ciclo menstrual, provoca
osteoporose precoce, dá degradação muscular e lesões, o desespero em emagrecer causa
diversos danos ao organismo, mas por outro lado enriquece os empresários que
não medem esforços para aumentar a produção e os lucros.
Antes de ir atrás de modismos ou buscar desesperadamente
o corpo perfeito, ame-se, mantenha em equilíbrio a auto-estima, e saiba que não
é a embalagem que faz o produto ter qualidade, e sim o conteúdo, pois de nada
adianta ter uma aparência maravilhosa se o cérebro está oco e a alma em
frangalhos.
Reflita e veja se não está colaborando para o
enriquecimento de uma pequena parcela da sociedade em detrimento de outras, se
magreza excessiva fosse saudável não haveria tantas pessoas no mundo morrendo
de desnutrição!
Artigo protegido pela Lei 9.610 de 19 de fevereiro de
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