Marisa
Fonseca Diniz
É interessante como a sociedade em geral classifica os
indivíduos como úteis e inúteis. No mercado de trabalho, por exemplo, se
etiqueta os profissionais como objetos, considerando velhos aqueles que estão acima
dos 35 anos de idade e inexperientes aqueles os que estão abaixo dos 25. As
oportunidades de trabalho com carteira assinada são oferecidas apenas às
pessoas que estão na faixa etária dos 25 aos 35 anos de idade.
Como se não bastasse este preconceito na área
profissional temos que conviver diariamente com pessoas que se consideram superiores
aos demais, por acreditarem que como fazem parte das classes sociais mais
abastadas podem fazer tudo, inclusive rejeitar os mais pobres.
Muitos indivíduos, infelizmente, não terão a mesma sorte de chegar a maturidade e ficarão pelo meio do caminho. A falta de oportunidades tem feito com que muitas pessoas
cheguem à fase da maturidade de maneira penosa, onde lhes falta praticamente tudo,
inclusive dignidade, tendo que recorrer aos familiares para continuarem vivos.
Lamentavelmente, a sociedade tende a recriminar os mais
pobres pela falta de oportunidades no decorrer da vida, empurrando-os cada vez
mais para o abismo, enquanto os mais afortunados tendem a ter uma vida
confortável no final da vida.
Duas realidades difíceis de serem compreendidas e aceitas
pela maioria das pessoas, mas que tem feito toda a diferença na sociedade.
Recriminar os idosos por terem tido condições financeiras desfavoráveis ao
longo da vida tem sido um fardo pesado demais para quem sonhou em chegar nessa
fase da vida desacelerando da labuta cansativa, mas que infelizmente tiveram
que deixar o descanso de lado para continuar lutando por uma vida melhor. Enquanto os idosos mais favorecidos ao longo da vida
continuam tendo uma vida tranquila e sem muitas preocupações, principalmente em
questões financeiras.
Não podemos ignorar o fato de que, a sociedade sempre há
de beneficiar os mais abastados tanto na fase jovem como na fase da velhice,
enquanto os demais terão que se contentar com as dificuldades em todas as fases
da vida.
O melhor a fazer para envelhecer de maneira digna e
saudável é desligar-se das obrigatoriedades que a sociedade imputa aos mais
fracos e tentar esquecer as dificuldades. Sentar-se a beira mar ou no campo e
fazer uma breve análise do que se viveu, e a importância de compartilhar isso
com os mais jovens, não de maneira rabugenta, e sim de maneira leve e feliz.
Exemplos devem ser compartilhados para ajudar os mais jovens a superar as
frustrações, que a vida embute a cada um, além de reconhecer os erros, e ter
ciência de que há sim, certa importância no envelhecimento, e que mesmo que
possa parecer o fim, nem sempre é.
Há diversos exemplos de vida de pessoas que envelheceram
e viveram ainda muitos anos, apenas por acreditarem que não eram inúteis para a
sociedade e sim que podiam contribuir e muito para a evolução das pessoas, e
são justamente estes exemplos de vida que todos devem seguir, a fim de que a
sociedade mude este conceito de que muitos anos de vida represente apenas um fardo a mais a ser carregado para quem não conseguiu construir nada financeiramente.
É importante destacar que não é o dinheiro que traz
felicidade e sim a maneira como cada um encara as dificuldades no decorrer da
vida. Podemos ter tudo na vida e no fundo não nos sentirmos amados, assim como
podemos não ter absolutamente nada e nos sentirmos completos. Tudo é uma
questão de prioridades, mesmo quando a sociedade nos nega o direito as oportunidades.
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