Marisa
Fonseca Diniz
Não raramente nos deparamos com histórias um tanto
estranhas quando o assunto é amor, algumas pessoas consideram este sentimento como
algo fugaz e não eterno, enquanto outros acham que é algo que aquece o coração
e o corpo, um desejo incontrolável associado ao sexo e quando algo grave
acontece nada suporta a dor, nem mesmo este tal amor. O amor para muitas
pessoas é apenas um sentimento íntimo que une duas pessoas não importando o
gênero.
Quando falamos em amor não estamos falando em algo sem
sentido, e sim em um sentimento que vence barreiras, o preceito que une pessoas
em um mesmo objetivo, porém o que mais temos visto nos dias atuais é bem
diferente do que de fato isto representa. Não é a toa que a própria bíblia fala
sobre o
esfriamento do amor em decorrência do aumento da maldade (Mateus
24:12).
O fato é que, o amor tem se esfriado ao longo dos anos, uma
grande parte da humanidade não se importa com a dor alheia, não se coloca no
lugar do outro, os relacionamentos viraram moeda de troca não há sentimentos, o
que há na verdade são interesses recíprocos. As pessoas andam frias,
egoístas, gananciosas, egocêntricas, maldosas e vingativas, onde se consideram
o centro das atenções.
Os relacionamentos na sua grande maioria só
surgem quando há algum interesse envolvido seja financeiro ou por conveniência
como se somente pessoas poderosas e bem sucedidas pudessem de fato ter a
felicidade plena, uma família bem estruturada, pois acreditam que o dinheiro é
o centro de tudo que lhes dá prazer. Dentro deste parâmetro vários casais no
decorrer dos anos se sentem infelizes, pois quando as dificuldades chegam o
amor acaba, ou melhor, nunca de fato existiu.
Na verdade, o amor foi deixado de lado há milhões de anos
permitindo apenas que os interesses financeiros fiquem no centro do universo
individual de cada um, raramente encontramos pessoas que enfrentam as
dificuldades unidas pelo amor. A vida da maioria dos casais é apenas uma troca
de joias, imóveis, carros de luxo, megaviagens, restaurantes de marca, roupas
de grife, presentes que brilham os olhos, mas que a qualquer momento pode passar
um vento mais forte e destruir o castelo de areia.
Não é raro encontrarmos em uma roda de amigos,
relacionamentos que começaram de maneira estranha através de um aplicativo
amoroso que une pessoas com o mesmo interesse, o par ideal, aquele capaz de
realizar as fantasias sexuais mais egocêntricas, assumir um compromisso matrimonial
com desejos supérfluos, e que acima de tudo um dos interessados esteja sempre
presente em eventos que reúna pessoas tão fúteis e gananciosas como elas mesmas.
Nada de querer envelhecer juntos sem dinheiro, isso na
verdade não passa pela cabeça daqueles que buscam algo que lhes dê satisfação imediata.
O amor é apenas referenciado como uma moeda de troca, exposto nas infinitas
prateleiras distribuídas em comunidades virtuais ou reais, onde a beleza, a
elegância e o sucesso são exaltados por aqueles que buscam o par perfeito.
O
primeiro encontro deve ser retratado e publicado nas redes sociais, a fim de
que todos vejam a conquista. Sorrisos e beijos, o combustível perfeito para
possíveis segundo ou terceiro encontro, onde o importante é presentear o par
com joias chamativas e caríssimas ou viagens mirabolantes para que todos ao
redor vejam como o amor é lindo.
Segurar o parceiro com falsas esperanças de que o futuro
será completamente confortável é uma tática muito usada por aqueles que não se
garantem como seres humanos capazes de amar, escondem-se atrás de máscaras e
prometem mundos e fundos repletos de ficção. O casal que se une dentro deste
mundo fantasioso tem dentro de si sentimentos idênticos repletos de falsidade e
desvio de conduta.
Tudo deve ser feito de maneira rápida, o sexo é sempre o primeiro
a acontecer, depois poderá vir às demais etapas, não se deve perder tempo com
formalidades, o próximo degrau é apresentar à família aquela ou aquele que foi
escolhido para subir ao altar, e cabe a cada um dos interessados fazer seu
próprio teatro demonstrando calmaria, docilidade e equilíbrio, mesmo
sabendo-se, que depois do matrimônio firmado, quando as crises financeiras
chegarem nada disso mais será necessário.
O imediatismo em querer se unir à eternidade é outro
ponto chave aos relacionamentos fugazes, o amor é algo inexistente, mesmo
quando tentam a todo custo mostrar um ao outro que se amam. Familiares e amigos
desatentos ou com histórias semelhantes raramente perceberão que este mundo
lindo de Alice não passa de algo superficial. Quando a dor ou os imprevistos
chegarem o casamento perfeito irá ruir, o parceiro já não será mais aquele ser
maravilhoso, a esposa já não dará prazer sexual, os filhos ou enteados não
serão mais tão inteligentes e o sonho de consumo ficará restrito a passeios
insignificantes de final de semana.
Pensar que tudo poderia ser diferente é algo que
jamais passará pela mente daqueles que buscam vidas glamourosas, pois quando as
crises chegarem lotarão os consultórios de psicologia em busca de conforto e
solução. A vida vai ficando cada vez mais gélida, quando o sentimento de amor
acaba se definhando no coração daqueles que não conseguem enxergar que a baixa
autoestima faz com que eles tenham uma visão distorcida da realidade, e
desesperadamente buscam a companhia de outro alguém tão igual ou pior do que
eles mesmos.
O amor é um sentimento nobre, que não vê estética ou
conta bancária, algo sublime, que está acima de qualquer interesse. As pessoas
que se unem por amor, sejam amigos, colegas, relacionamentos amorosos, vivem em
paz, são tranquilos, sentem a dor do outro, são espiritualmente fortalecidos e
sabem que quando os problemas chegam nada os abala, pois estão firmados na
rocha. Não há nada mais gratificante do que conhecer alguém e passar dias,
meses e anos compartilhando experiências, derrotas e vitórias sem pressa de
querer casar por obrigação ou porque a sociedade assim exige, não, a vida é
muito curta para se viver em vão. Compartilhar sonhos sem a necessidade de ter
o melhor carro ou a casa mais tecnológica, o melhor emprego ou a família
perfeita, pois quando o amor é o fator principal de um relacionamento nada
disso é necessário para ser feliz.
Precisamos muito pouco para nos sentir felizes e
realizados, não são os bens materiais que preenchem o vazio das pessoas, e sim
as atitudes que elas têm umas com as outras, saber que ajudar o próximo não é demonstrar
riqueza, e sim estimular mudanças que farão toda a diferença na vida daqueles
que procuram o bem. Viver em harmonia com pouco é muito mais importante do que
ter um monte de coisas caras e desnecessárias sem ter paz no coração. Pensem
sobre isso!
Que tipo de amor vocês estão buscando?
Artigo protegido pela Lei 9.610 de 19 de fevereiro de
1998. É PROIBIDO copiar, imprimir ou
armazenar de qualquer modo o artigo aqui exposto, pois está registrado.
O trabalho
A gélida realidade do amor de
Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença
Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em
https://cafesonhosepensamentos.blogspot.com/2019/06/a-gelida-realidade-do-amor.html.
Comentários
Postar um comentário