Marisa
Fonseca Diniz
Pode parecer estranha esta pergunta, mas não é, basta
refletirmos a quantidade de pessoas que morrem diariamente sem ter a chance de
saber o porquê de tal ação violenta contra a vida. Ultimamente tem se visto muitas
notícias sobre mortes violentas de mulheres, na maioria das vezes são vítimas
de companheiros, seja ex ou atuais, que não aceitam o fim do relacionamento e
não pensam duas vezes antes de eliminar tal desafeto pelo prazer da vingança.
Violência contra as mulheres sempre houve no mundo todo,
porém em alguns países esta violência é mais escancarada devido à cultura
machista de que mulher é propriedade e não um ser humano livre. A violência não
é apenas uma ação que ocorre com mulheres das classes mais baixas, acontece também nas classes mais altas, não há distinção de classes sociais ou
nível de instrução, qualquer mulher pode ser vítima deste mal.
A violência pode ser física ou psicológica, não importa,
o efeito na vida de uma mulher pode ser devastador. Relacionamentos que começam errado devem ser cortados logo no
início, a fim de que ambas as partes possam recomeçar a vida, porém muitos
homens que são criados como “reis” ou “machos dominantes” tem ido muito além da falta de respeito
partindo para a ameaça contumaz,
violência psicológica e física, que consequentemente acabam em morte
deixando os filhos desamparados.
Dados registrados pelo Escritório das Nações Unidas para
Crime e Drogas - UNODC destaca o aumento na taxa de mulheres mortas no Brasil,
sendo 4 para cada grupo de 100 mil mulheres, o que equivale a 74% superior que a
média mundial. Mediante estes dados alarmantes, o Brasil é considerado hoje um
país perigoso para as mulheres viverem.
Como se não bastasse estes dados, ainda temos que
conviver com a impunidade dos crimes de feminicídio. A definição de feminicídio
é o assassinato de uma mulher pela condição de ser mulher, a motivação mais
usual é o ódio, desprezo, sentimento da perda do controle e da propriedade
sobre as mulheres. A impunidade e a culpabilização da vítima de violência
doméstica e familiar em geral é a raiz dos assassinatos, além da sociedade ser
fundamentada em conceitos machistas e no patriarcado que traz consequências
graves às mulheres.
Nos cem primeiros anos da constituição brasileira nunca fora
cogitado a participação da mulher na sociedade, depois de anos de
reivindicações em 1932 oficialmente foi conquistado o direito de a mulher votar
e de ser votada, quando o homem já tinha este direito adquirido em meados de
1555. O voto, porém só era permitido às mulheres casadas que tinham autorização
dos maridos, as mulheres solteiras e viúvas tinham que comprovar renda própria
para ter a garantia deste direito. As restrições só foram abolidas em 1934, e a
obrigatoriedade do voto às mulheres só foi permitida em 1946.
A questão cultural de que a mulher é posse do homem até
os dias atuais, nos faz questionar qual o valor de uma vida, já que os
agressores e os assassinos acreditam que a vida de uma mulher não vale nada.
Para piorar esta situação conflitante, onde há falta de dialogo entre os
envolvidos, o Estado tem sido omisso na questão da segurança destas mulheres,
que mesmo tendo uma medida protetiva não se sentem seguras, pois seus algozes
continuam livres ameaçando-as de morte.
A vida não pode ser vista como algo insignificante, pois
qualquer tipo de violência pode deixar traumas irreversíveis tanto para quem
sofre quanto para quem depende dessa pessoa para viver, ou seja, os filhos. Os
pais tem que entender que a criação dos filhos não pode ser mais baseada na
superproteção acreditando que os filhos não podem sofrer com a rejeição alheia
e muito menos criá-los com uma cultura machista de posse, pois este tipo de
educação só traz consequências graves a todos.
Que possamos refletir melhor qual o tipo de sociedade que
estamos construindo e o que estamos deixando de positivo às futuras gerações,
pois ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém. Quem não consegue
superar o fim de um relacionamento, seja tóxico ou não deve procurar ajuda
psicológica e não ceifar a vida alheia como sinal de vingança. A melhor
vingança é deixar para trás tudo aquilo que tira a nossa paz, qualquer que
tenha sido a bronca perdoe, a fim de poder começar uma nova história de vida!
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1998. É PROIBIDO copiar, imprimir ou
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O trabalho
Quanto vale uma vida? de
Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença
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Baseado no trabalho disponível em
https://cafesonhosepensamentos.blogspot.com/2019/04/quanto-vale-uma-vida.html.
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