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O capeta mora no andar de cima

Marisa Fonseca Diniz


O assunto de hoje é algo corriqueiro, mas poucos são aqueles que têm coragem de denunciar ou conseguem resolver o problema. A história que iremos narrar aqui é real, porém os nomes dos envolvidos e o local são fictícios. A vida em condomínio deveria ser algo prazeroso, mas nem sempre é o que acontece.

O dia-a-dia estressante nas grandes cidades afeta diretamente o sistema nervoso das pessoas, a intransigência muitas vezes coloca em risco o sossego e a paz alheia. Depois de passar o dia todo dentro de um escritório ou até mesmo num canteiro de obras ou em um chão de fábrica tudo que queremos é chegar em casa e descansar. Pena, que nem sempre esse desejo de descansar é realizado.
Não há nada mais irritante do que morar em um condomínio e sentir-se abandonado por quem deveria tomar as devidas providências, a função de síndico requer responsabilidade e não omissão, alguns indivíduos acham que exercer a função é ter status e são permissivos quando nada fazem contra condôminos arruaceiros que fazem festa todos os dias dentro de suas unidades habitacionais e fora do horário permitido, tocam instrumentos musicais que passam do limite de som permitido, escutam som altíssimo até durante a madrugada, arrastam móveis em qualquer horário, efetuam reformas praticamente durante as 24 horas do dia, possuem cachorros estressados que latem sem parar e crianças que pulam, gritam, correm dentro do apartamento até altas horas da noite durante a semana e nos finais de semana sem se importar se há pessoas descansando ou doentes em outras unidades.


Síndicos acovardados têm sempre uma desculpa na ponta da língua como estresse, viagem familiar e problemas de saúde deixando de lado a responsabilidade de aplicar advertências ou multas aos infratores. Acreditam que a boa convivência nos condomínios é passar a mão na cabeça daqueles que não respeitam as normas estipuladas em assembleia.

Quando há qualquer tipo de barulho que incomode os vizinhos, os síndicos acovardados são os primeiros a saírem correndo deixando um clima desagradável entre os moradores que ali habitam, muitos são fofoqueiros, dissimulados e sem caráter. Agora, imagine você um pobre mortal que mora em um condomínio que até alguns meses atrás era tranquilo, mas que de repente do dia para a noite muda bem acima da sua cabeça um vizinho que não está nem aí para o silêncio, e faz questão que seus netos corram, pulam, joguem bola, arrastem móveis, gritem, brinquem de pula-pula, andem de skate tudo dentro do apartamento durante 20 horas por dia, e para piorar tem um cachorro que late 24 horas por dia?

Esta é a rotina que Pedro e sua esposa têm todos os dias, eles saem de casa antes das 8:00 h da manhã em direção ao trabalho, e já são despertados pelo cachorro do vizinho as 6:30 h da manhã latindo alto na sacada do apartamento, horário em que o morador do apartamento de cima chega fazendo barulho com seu sapato de pregos após uma longa jornada de trabalho no maior hospital público da cidade. Viviane volta das suas aulas como professora em um colégio particular na cidade às 14:00 h e Pedro chega em casa por volta das 19:00 h. Pedro é um próspero gerente de  produção em uma empresa de bens de consumo, realizado, comprou seu primeiro apartamento em um condomínio tranquilo há 7 anos atrás em um bairro de classe média alta em uma grande cidade brasileira.

O apartamento foi decorado com o que há de melhor em questão de modernidade, porém mal imaginavam eles que depois de anos de sossego poderiam passar por tanto estresse com o novo morador da unidade habitacional acima do deles. Viviane não consegue fazer suas atividades como antes, as crianças de domingo a domingo correm, pulam e gritam o dia todo, raramente se escuta a voz de um adulto chamando a atenção pelo barulho.

Quando Pedro retorna a sua casa cansado depois de um longo dia de trabalho, não consegue descansar por completo, pois com a chegada da noite as crianças estão mais inquietas e impulsivas. O vizinho do andar de cima para trabalhar perto do horário das 18:30 h e os netos ficam completamente sozinhos dentro do apartamento, a mãe das crianças por sua vez que deveria se responsabilizar por elas está na academia se exercitando, o pai sabe-se lá quem é, que nunca está junto às crianças durante a semana.

Viviane e Pedro cansaram de reclamar à portaria, a administradora do condomínio e ao síndico sobre o barulho constante, onde na maioria das vezes tiveram suas reclamações ignoradas, uma vez que o síndico acha normal que crianças de 5 e 2 anos de idade brinquem livremente no apartamento do avô, já que o barulho não chega aos seus ouvidos.


Durante o dia e a noite o barulho advindo do apartamento acima é em torno de 70 decibéis, o barulho exagerado é acima do permitido já que o empreendimento não possui acústica, além do incomodo e a falta de educação dos responsáveis pelas crianças que passam do limite. Atitudes tais que fazem com que Viviane e Pedro pensem como os responsáveis são relapsos na educação dos menores, conversar diretamente com os desordeiros é perda de tempo, pois o morador do apartamento é totalmente mal educado e gosta de intimidar as pessoas que estão em desacordo com suas atitudes, distorce as conversas alegando estar sendo perseguido, e gosta de dizer que quem não aceita os barulhos de seus netos está infringindo o Estatuto da Criança e Adolescente.


Reclamações de outros moradores quanto ao barulho há no condomínio, porém o síndico ignora, tanto que retirou o livro de ocorrências da portaria do condomínio para que não haja reclamações. A não responsabilidade pelas devidas funções que o síndico deveria assumir coloca em risco todos os demais moradores, pois fortalece o infrator que intimida livremente quem deseja freá-lo em suas ações.


Durante seis meses da mudança do novo morador, Pedro e Viviane começaram a ter receio de voltar para casa, pois sabem que quando lá estão não há mais sossego. Os moradores do andar de cima já provocaram problemas semelhantes em outros condomínios onde residiram anteriormente, porém nada é feito que cesse os desordeiros. A construção aos poucos vai se depreciando com os constantes atritos na laje, o que tem acarretado trepidações constantes no apartamento como de um terremoto, Viviane e Pedro são cientes de que estes fatos desvalorizam a moradia, mas sozinhos nesta causa nada podem fazer a não ser se lamentar ou processar juridicamente o vizinho barulhento.

Fatos como estes são muito comuns nos dias atuais do que se pode imaginar, em geral, as pessoas não pensam nos problemas que causam aos outros, muito pelo contrário, acreditam que seja o centro das atrações deturpando a verdade para sair como vítimas e não réus. Por outro lado percebemos a falsa cultura de que as crianças podem fazer tudo sem ter limites, diálogo ou orientação educacional de que não podem fazer tudo.

O que Pedro e Viviane vivenciam todos os dias no condomínio onde moram não é algo incomum, é mais complexo do que se imagina. A omissão de quem deveria por obrigação defender os interesses de todos fortalece aqueles que de passagem se acham mais donos do que todos os demais, invadindo a privacidade alheia. Quando adquirimos um imóvel ou locamos devemos ter em mente que não somos donos de tudo, e sim de apenas uma fração. Em situações de conflito cabe o bom senso das partes interessadas e ações mais consistentes daqueles que deveriam zelar pelo interesse comum de todos os moradores.


As confusões, intrigas e agressividades nos condomínios no Brasil são enormes, infelizmente só ficamos sabendo destes inconvenientes quando uma tragédia acontece. Os processos judiciais são diversos, principalmente quando não há consenso entre as partes interessadas. Desgastes desnecessários se todos entendessem que respeito faz parte da educação básica dos cidadãos.

Se as crianças que moram no apartamento de cima do de Pedro fossem orientadas a não gritar, pular, derrubar objetos ao chão ou correr dentro do apartamento com certeza iriam crescer respeitando o próximo. A omissão educacional tem formado adultos cheios de razão sem ter nenhuma obrigação, o que faz com que no futuro destas pessoas seja cheia de problemas mal resolvidos. A deterioração da educação básica tem feito com que a responsabilidade fique a cargo de outros, e não diretamente dos seus responsáveis. Quem ama educa, mas quem está muito preocupado consigo mesmo não tem tempo para educar ninguém.

Se quisermos ter um futuro mais digno vamos ter que reaprender as normas básicas da educação, caso contrário, estaremos formando novos psicopatas manipuladores.



Artigo protegido pela Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. É PROIBIDO copiar, imprimir ou armazenar de qualquer modo o artigo aqui exposto, pois está registrado.

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O trabalho O capeta mora no andar de cima de Marisa Fonseca Diniz está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://cafesonhosepensamentos.blogspot.com/2017/11/o-capeta-mora-no-andar-de-cima.html.



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